História e texto

REVOLUÇÃO FRANCESA

A França antes da Revolução:
 em 1789, a França era o país mais populoso da Europa, com 26 milhões de habitantes. A maioria da população, cerca de 23 milhões de pessoas, vivia e trabalhava no campo. Esses camponeses levavam uma vida miserável, pois eram obrigados a pagar os pesados tributos cobrados pelos nobres de cada região, pelo rei e pela Igreja (dízimo). A sociedade francesa dividia-se em três Estados (grupos):

O Primeiro Estado (Clero): (120 mil pessoas) era composto pelo Alto clero (bispos e cardeais) e pelo Baixo clero (padres e monges). Possuía muitas terras e cobrava dízimos e taxas sobre batismo, casamento e sepultamento.

O Segundo Estado (Nobreza): (360 mil pessoas) era composto pela Família real e a nobreza. Vivia à custa da monarquia e da exploração do trabalho dos camponeses.

O Terceiro Estado: (25 milhões de pessoas) era composto pela Burguesia (comerciantes e industriais), pelos trabalhadores urbanos e pelos camponeses. Trabalhavam para gerar riqueza e pagavam todos os impostos.
Essa organização social hierarquizada na qual a nobreza e o clero tinham enormes privilégios (não pagavam impostos) e o rei concentrava todo o poder político em suas mãos (absolutismo) ficou conhecida como Antigo Regime. 

A crise financeira:
 Em 1789, a França passava por uma profunda crise econômica. Os cofres do governo estavam vazios: o rei Luís XVI gastava muito mais do que arrecadava para continuar mantendo os luxos da corte em Versalhes, seus exércitos e o governo. Para piorar a situação, secas, nevadas e enchentes destruíram colheitas por toda a França, fazendo com que a fome atingisse duramente a população pobre. 

A Assembleia dos Estados Gerais (maio 1789 - Palácio de Versalhes): Tentando acabar com a grave crise financeira, o rei convocou uma reunião com os representantes dos três Estados. Nessa Assembleia, que tinha como função aconselhar o rei, cada Estado tinha direito a um voto. Com o avançar das discussões, o terceiro Estado propôs uma solução para o problema financeiro: todos deveriam pagar impostos na França. Como o clero e a nobreza defendiam o mesmo interesse (não queriam pagar impostos), o terceiro Estado foi derrotado (eram sempre dois votos contra um!). Descontente com o resultado, o terceiro Estado propôs uma alteração radical: a votação agora deveria ser por pessoa. Como estavam em maior número na Assembleia, eles iriam conseguir vencer os outros Estados juntos! Contudo, o rei não aceitou a proposta de mudança. 

A Assembleia Nacional Constituinte (14 de julho de 1789): Descontentes com a decisão do rei, os representantes do terceiro Estado ousadamente se retiraram para a sala ao lado (um salão para jogos) com o objetivo de criar uma Constituição para a França. Sabendo que uma Constituição iria limitar o seu poder, o rei decidiu acabar com a Assembleia Constituinte e mandou o exército cercar o palácio de Versalhes. A população se revoltou contra a atitude do rei, pois achava que a nova assembleia era a única esperança de melhoria. Com o apoio de parte do exército, os populares saquearam depósitos de alimentos, de armas e invadiram a Bastilha (prisão onde eram colocados os adversários do rei). Com o apoio popular, o Terceiro Estado criou leis que melhoravam a situação da população pobre, reduziam o poder e os privilégios da nobreza, do rei, e do clero, e permitiam o desenvolvimento do comércio e da indústria. 

A Monarquia Constitucional: Em 1791, a Assembleia Nacional aprovou uma Constituição que limitou o poder do rei. De agora em diante apenas a Assembleia teria o poder de fazer e aprovar leis, ou seja, o absolutismo real tinha acabado. Descontente com a sua nova situação, Luís XVI se aliou aos reis da Áustria e da Prússia (parte da atual Alemanha) para montar um exército que iria invadir a França e por fim à revolução. Contudo, os franceses pegaram em armas para defender seu país e venceram os estrangeiros na Batalha de Valmy (20 de setembro de 1792). O rei, acompanhado de sua família, tentou fugir, mas foi preso quando atravessava a fronteira da França.

A Convenção Nacional: Após terem vencido a guerra contra a Monarquia, os franceses elegeram uma Convenção Nacional encarregada de elaborar uma nova Constituição. Apenas os homens puderam votar. A primeira atitude da Convenção foi abolir a monarquia e proclamar a república, pois o rei, por ter se aliado aos estrangeiros, foi considerado traidor da pátria. O rei foi levado a julgamento e, em janeiro de 1793, foi executado em praça pública. Composta por 750 deputados, a Convenção estava dividida em três grupos políticos:

Girondinos: representavam a burguesia industrial e comercial. Eram contrários à participação popular na revolução. 

Jacobinos (radicais): representavam as camadas populares e desejavam aprofundar a revolução.

Planície: composta por deputados apoiavam ora os girondinos, ora os jacobinos. 

O Terror (Jacobinos no poder - março de 1793): Os jacobinos acusavam os girondinos de quererem bloquear a continuação da revolução. Assim, os populares invadiram o prédio da Convenção e prenderam os girondinos. O poder agora estava completamente nas mãos dos jacobinos. Enfrentando uma nova invasão estrangeira liderada pela Inglaterra, os jacobinos criaram órgãos especiais para defender a França. O Comitê de Salvação Pública era responsável pelo exército e pela política interna. Já o Tribunal Revolucionário estava encarregado de julgar pessoas consideradas inimigas da Revolução. O líder do Comitê era Robespierre, o qual tomou várias medidas que beneficiam as camadas populares, mas que contrariavam os girondinos (burguesia), tal como a Lei do Máximo (congelava os preços das mercadorias essenciais). Contudo, o governo de Robespierre se transformou em uma ditadura sanguinária: milhares de pessoas foram mortas na guilhotina após serem perseguidas, presas e julgadas sem apelação. Robespierre chegou a mandar guilhotinar líderes jacobinos com os quais não concordava, enfraquecendo seu próprio grupo.

O Diretório: Os deputados girondinos, aproveitando o enfraquecimento dos jacobinos, prenderam Robespierre e todos os líderes jacobinos, guilhotinando-os sem julgamento. O poder passou então para as mãos da burguesia (comerciantes, banqueiros e industriais), que aproveitou para ampliar os seus negócios. Uma nova Constituição elaborada em 1795 confiou o governo da França a cinco deputados que formaram um Diretório. Contudo, esse governo não conseguiu se estabilizar, pois vários de seus membros estavam envolvidos em escândalos e atos de corrupção. Os jornais da França começaram a veicular a ideia de que a França precisava de um homem enérgico, de respeito e admirado para colocar a política em ordem. Um jovem general vitorioso, Napoleão Bonaparte, reunia essas características. Com o apoio dos burgueses e dos militares, em 10 de novembro de 1799, Bonaparte tomou o poder. O processo revolucionário chegava ao fim. 

Um comentário:

  1. Muito bom o seu blog Professor.Gostei muito dos textos colocados sobre a revolução Francesa.

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